Por que música triste pode deixar a gente feliz?
Embora ouvir músicas
tristes deveria nos deixar igualmente para baixo, nós temos uma tendência para,
na verdade, meio que gostar delas. Um estudo de 2008 descobriu que as canções
tocadas em escala menor soam mais tristes do que a música em escala maior, mas
as pessoas acharam as primeiras mais simpáticas.
Este ano, um grupo de
pesquisadores japoneses foi pago para descobrir por que gostamos de chorar com
Adele enquanto ela nos conta sobre seu coração tão mal tratado. Não é só
masoquismo – apesar de entender que a música deveria evocar tristeza, acabamos
sentindo uma vida mais positiva ou emoções tanto positivas quando negativas
como resposta.
Em um estudo com 44
pessoas, os participantes ouviram uma de três peças clássicas menos conhecidas
– para evitar a influência emocional de memórias ligadas a peças já ouvidas
antes – tanto em escala menor quanto em escala maior. Os pesquisadores lhes
pediram para que identificassem os sentimentos que perceberam ao escutar as
músicas, bem como que previssem que tipo de emoções os demais tiveram enquanto
ouviam as canções.
Os participantes
classificaram as músicas tristes (ou seja, em tom menor) como trágicas, mas
isso não os deixou se sentindo tão mal como eles pensavam que outra pessoa se
sentiria. “Os ouvintes se sentiram menos tristes, meditativos e melancólicos e
mais fascinados, alegres, animados e inclinados a dançar quando escutavam
música triste em comparação com suas percepções reais da mesma música”,
escreveram os pesquisadores.
Parte da razão para
isso acontecer pode ser o fato que esperamos nos sentir tristes e, portanto,
ficamos satisfeitos quando nossas más expectativas não acontecem, um fenômeno
chamado de “doce antecipação”.
“Mesmo que os ouvintes
vivenciem emoções negativas ao ouvir músicas tristes, a doce antecipação pode
ainda lhes permitir sentir emoções positivas”, o documento conclui. “Mesmo que
a música em si seja percebida como negativa e algumas emoções negativas sejam
em parte despertadas nos ouvintes, temos uma tendência a experimentar também
emoções positivas em virtude de nossa avaliação cognitiva”. Ou seja, nos
sentimos um pouco mal, mas nos sentimos ainda melhor porque não estamos nos
sentindo tão mal. Faz sentido.
Outra hipótese é da
que a melancolia sentida na música não é o resultado direto de uma situação
triste nossa. O intérprete está cantando sobre a sua tristeza dele ou dela, e
não da nossa. Em outras palavras, a experiência melancólica da canção não é tão
ameaçadora para o nosso bem-estar, por isso podemos apenas sentar e desfrutar a
desgraça da vida dos outros.
Fonte:
https://www.popsci.com/science/article/2013-07/why-we-cant-help-love-sad-songs
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