Aguarde a Playlist abrir...
1960
Pela primeira vez na história da música brasileira, surge o termo MPB – Música
Popular Brasileira – empregado por Ary Barroso na contra-capa do disco 'Bossa
Nova', de Carlos Lyra. De década a década, o termo MPB mudaria sua abrangência
de estilos e ampliaria seu significado. Da elite de músicos dos anos 70 – com
Caetano Veloso, Gilberto Gil, Chico Buarque, Gal Costa, Maria Bethânia, Milton
Nascimento e outros – à hoje, o termo representa basicamente quase todo o tipo
de música brasileira à exceção do pop-rock.
Popularizam-se
as freqüências do público nos ensaios das escolas de samba, inclusive como
forma das agremiações obterem algum tipo de renda fora da época dos desfiles
com os seus patrocínios, para garantir parte dos custos de preparação das
infra-estruturas durante o resto do ano, através da cobrança mínima dos
ingressos por parte de algumas delas.
1962
Na quarta-feira do dia 21 de novembro, às 20h30, realiza-se no Carnegie Hall,
em Nova York, Estados Unidos, o primeiro e lendário Festival de Bossa Nova
(também introduzido como New Brazilian Jazz) com apresentação de João Gilberto,
Tom Jobim, Edu Lobo, Bola Sete, Sérgio Ricardo, Sérgio Mendes e outros. É o
lançamento internacional oficial e em grande estilo da bossa nova com muita repercussão
nos Estados Unidos e Brasil.
A
primeira grande influência da bossa nova nos Estados Unidos, sucesso que
populariza o gênero no país e credencia os americanos a adotarem o estilo, é o
disco 'Jazz Samba', do guitarrista Charlie Byrd e do saxofonista Stan Getz. A
bossa nova é a maior sensação norte-americana no começo dos anos 60, sendo
suplantada apenas pelo surgimento dos Beatles.
1964
No ano do início da ditadura militar brasileira, acontece, no Rio de Janeiro, o
histórico e militante show Opinião, com músicas do maranhense João do Vale (1934-1996)
e direção de Oduvaldo Viana Filho, Paulo Pontes e Armando Costa. Foi nesse
espetáculo, interpretando a música "Carcará" (João do Vale e José
Cândido) que foi lançada a cantora baiana Maria Bethânia. Também participaram
do evento Nara Leão (1942-1989) e Zé Kéti. O acontecimento foi um marco na
história da música popular brasileira.
1965
Com estréia no mês de setembro, o cantor e compositor pop Roberto Carlos é o
Rei da Juventude nacional na liderança do movimento Jovem Guarda, apresentando
um programa semanal homônimo de televisão, na TV Record, na capital de São
Paulo, ao lado de Erasmo Carlos, Wanderléa e convidados como Eduardo Araujo,
Martinha, Rosemary, Ronnie Von, Antonio Marcos, Deny e Dino, Leno e Lilian, The
Jordans, The Jet Blacks, Renato e Seus Blue Caps, Golden Boys, Os Incríveis e
outros. O programa de TV terminaria em 1969. Enquanto gênero musical, a Jovem
Guarda, que surge em 1963, também ficou conhecida como yê-yê-yê – a versão
brasileira do rock mundial. O movimento foi responsável pela introdução da
guitarra elétrica e instrumentos eletrônicos na nascente Tropicália de Caetano
Veloso e Gilberto Gil – que seria uma das causas do fim da Jovem Guarda,
suplantando-a em popularidade.
A
grande era dos festivais. A extinta TV Excelsior produz o primeiro Festival de
Música popular Brasileira. Nos dois anos seguintes, a TV Record realiza outros
dois. Também os Festivais Universitários de Música Popular Brasileira, da TV
Tupi, do Rio de Janeiro. Da soma deles, surgem nomes como Elis Regina (com
"Arrastão", de Edu Lobo e Vinícius de Moares), Edu Lobo (com
"Ponteio", dele e de Capinam), Caetano Veloso (com "Alegria,
Alegria", dele mesmo), Gilberto Gil (com "Domingo no Parque",
dele mesmo), Gal Costa (com "Divino Maravilhoso", de Caetano), Os
Mutantes (com "Dois Mil e Um", de Rita Lee e Tom Zé), Chico Buarque
de Hollanda (com "A Banda" e "Roda Viva", dele mesmo),
Milton Nascimento (com "Cidade Vazia", de Baden Powell e Lula
Freire), Tom Zé (com "São Paulo, Meu Amor", dele mesmo), Paulinho da
Viola (com "Sinal Fechado", dele mesmo), MPB-4 e outros. Com o
crescimento e expansão da televisão no Brasil, grandes ídolos da nova música
popular brasileira se afirmam. Depois de uma série, a TV Globo seria a última
emissora a produzir os últimos festivais no país – sendo o derradeiro, o VII
Festival Internacional da Canção, em setembro de 1972, com Maria Alcina
cantando "Fio Maravilha", de Jorge Ben.
Com
a repressão e censura instauradas pelo regime militar, configura-se o espírito
para o surgimento das músicas de protesto, posteriormente nos festivais, sendo
Chico Buarque de Hollanda o compositor mais importante e representativo desse
tipo particular de expressão musical, com "Apesar de Você" (1970),
"Construção" (1971), "Deus Lhe Pague" (1971). Outro a se
ressaltar é o compositor e cantor Sérgio Ricardo, que, inclusive, em 1967,
tomou parte no Festival da Canção de Protesto, realizado na Bulgária, onde suas
músicas foram interpretadas por Geraldo Vandré. Por sua vez, Vandré atingiu o
ponto máximo de sua carreira de cantor e compositor com a então clássica e
polêmica canção "Pra Não Dizer Que Não Falei das Flores", ou
"Caminhando" (1968), defendida no III Festival Internacional da
Canção, e que se tornou uma espécie de hino estudantil na época.
Dezembro,
sob violentos protestos, o visionário maestro Diogo Pacheco abre
definitivamente as portas do Teatro Municipal de São Paulo para a MPB com o
espetáculo 'Vinícius, Poesia e Canção', com a participação do próprio Vinícius
de Moraes, Edu Lobo, Baden Powell, Carlos Lyra, Ciro Monteiro, Pixinguinha e
Francis Hime.
O
cantor e compositor carioca Jorge Ben (atualmente, Jorge Ben Jor) atinge grande
sucesso nos Estados Unidos. Ele é convidado pelo Ministério das Relações
Exteriores a se apresentar nos Estados Unidos, durante três meses, em clubes e
universidades. Lançadas por Sérgio Mendes, as músicas "Mas Que Nada"
e "Chove Chuva" chegam às paradas de sucesso americanas. Em seguida,
suas músicas "Nena Naná" e "Zazueira" são gravadas por Jose
Feliciano e Herp Albert, respectivamente – enquanto, no Brasil, sua carreira
enfrentava certas dificuldades. Em 1970, no Midem, em Cannes, Jorge Ben Jor
seria muito aplaudido por sua música "Domingas". Em 1972, realizaria
temporadas em Portugal, Itália e Japão, onde gravaria um disco ao vivo. Em 1975,
realizaria uma única apresentação no Teatro Sistina, em Roma, Itália,
transmitida ao vivo pela televisão italiana. Ainda nos anos 80, se tornaria
muito popular no exterior.
1967
Tom Jobim grava com Frank Sinatra o álbum americano 'Francis Albert Sinatra
& Antonio Carlos Jobim', em que Sinatra interpreta alguns dos maiores
sucessos da bossa nova de autoria de Jobim. O disco é um dos grandes marcos na
história da bossa nova e da música popular brasileira. Detalhe: por ciúmes,
Sinatra não permitiu que Tom Jobim tocasse piano por ser então o instrumento
que mais prestígio dava aos músicos norte-americanos – por isso, Tom tocou
violão, seu segundo instrumento.
1968
Após a bossa nova, vários músicos brasileiros incorporam o jazz em suas
músicas. Buscando um formato brasileiro estão o saxofonista Paulo Moura, a
pianista Eliane Elias, a cantora Flora Purim, Airto Moreira, Leo Gandelman,
César Camargo Mariano, Victor Assis Brasil (1945-1981) – um dos maiores
saxofonistas de jazz do país –, Egberto Gismonti, Naná Vasconcelos, Hermeto
Pascoal, André Geraissati, Zimbo Trio e outros. A dificuldade em se situar a
atuação do jazz no Brasil está no fato dele aparecer diluído no conceito
abrangente de música instrumental.
Com
o lançamento do disco 'Tropicália – Panis Et Circenses', com Caetano Veloso,
Gilberto Gil, Gal Costa, Nara Leão, Os Mutantes e o maestro Rogério Duprat, o
tropicalismo é oficialmente reconhecido como manifesto e nova proposta musical,
inspirado na tese antropofágica da Semana de Arte Moderna de 22, possibilitando
o desdobramento do movimento em trabalhos individuais de seus principais
protagonistas em releituras e novas perspectivas para a música brasileira.
Participaram do movimento, Tom Zé, os letristas Torquato Neto e Capinam, os
maestros arranjadores Júlio Medaglia e Damiano Cozzela. Pela defesa da música
brasileira, o tropicalismo incorporou, com muita polêmica, o uso da guitarra
elétrica, de gêneros como o bolero, o carnaval, as músicas de raiz e elementos
do rock. O nome Tropicália foi extraído por Caetano de uma instalação do
artista plástico Hélio Oiticica. Em São Paulo, institucionaliza-se oficialmente
os desfiles das escolas de samba.
Nenhum comentário:
Postar um comentário